Pesquisar neste blogue

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Entrevista


Para quem ainda não leu 
a edição do semanário "Linhas de Elvas" nº 3352, aqui fica o texto retirado na íntegra.
Edição escrita - 10 de Dezembro 2015 
Página - 11

Linhas de Elvas

Fado junta trio notável da escrita e da música 
Uma parceria de amizade assim se pode entender a união de Francisco Rasquilha, Vilar Pires e Soraia Branco, que se juntaram para criar e trazer à luz do dia dois temas da canção portuguesa.
“A Menina” e “Ode ao Fado” são dois fados que resultam de poemas de Francisco Rasquilha e Vilar Pires, respectivamente, com este ultimo a desempenhar a tarefa de compor as músicas que Soraia Branco vai interpretar.
O trio não ambiciona gravar nem apresentar formalmente o trabalho que os juntou, mas confessam gostar desta experiência de musicar, escrever e cantar para, um dia, a jovem fadista elvense interpretar canções inéditas ao público. 
Em fase de criação encontramos “A Menina”, um poema de Francisco Rasquilha, escrito há mais de 20 anos e publicado na obra “Da Algalé ao Caia”, editado pelo autor em 2002.
“20 Anos passaram e já nem me recordo o que escrevi dela. Sei apenas que hoje, com mais de 20 anos, será uma mulher bem formada”, ironiza Francisco Rasquilha.
Após exercer funções nas forças armadas, o poeta de Santa Eulália, que foi bancário entre 1992 e 2000, está em crer que “o fado tudo ensina”, justificando por isso a escolha de Vilar Pires “em recuperar “A Menina””. 
“Registo com agrado, eticamente, ter sido consultado pelo Vilar Pires, pedindo autorização para que este poema meu fosse musicado por ele e cantado pela reconhecida boa voz do fado, a Soraia Branco”, completou.
“Ode ao Fado”, um inédito da autoria de Vilar Pires, busca inspiração logo após a classificação do fado como Património Imaterial da Humanidade. Uma das passagens salienta: “trago-te no meu regaço como quem traz um menino”, um trecho de um tema que, como refere o antigo maestro da Banda 14 de Janeiro, “não podia ser cantado por um homem” e assim surgiu o convite à fadista Soraia Branco.
“Sou um apaixonado do fado enquanto ouvinte (…) tem coisas excepcionais, poesias lindas e musicalidade bonita”, realça Vilar Pires.
O musico sobre este desafio a três não tem duvidas em afirmar que é uma mais valia para a Soraia que, assim, pode cantar poemas que saem cá para fora com a sua voz.
Vilar Pires estreia-se na composição musical para fadistas, circunstância pela qual só tinha estado atrás da Banda 14 de Janeiro, na qual deixou algumas marchas escritas. “O que aparece agora é uma surpresa, é algo de novo e é provável que vá musicar mais alguns poemas”, concluiu.
Soraia Branco começou por dizer que já tinha em sua posse poemas de Francisco Rasquilha, mas não tinha tido, até então, oportunidade de ter a disponibilidade de Vilar Pires, o que representou um passo decisivo na construção destas novas canções.
“Na altura ainda era muito imatura, estava a dar os primeiros passos na música e agora isto sucedeu numa casualidade. Para mim é uma sorte muito feliz reunir a pureza e a verdade daquilo que se faz porque se gosta, não se faz por enaltecer ou exibição”, destaca a jovem fadista, acrescentado que “isso é o mais bonito na música, juntando, neste caso, três artistas, cada um do seu meio, a fazer algo cem por cento elvense”. 
Soraia Branco afirma que “ ninguém pensa gravar, ganhar balúrdios, ou fazer uma tournée com isto, é a amizade e o gostar disto”, justifica.
“A ”Ode ao Fado” e “A Menina” são música alegres, uma espécie de marchinhas, que não caem no pular e no foleiro porque tem letras que as seguram e com que me identifico (…) terei muito gosto em canta-las”, concluiu. 

Por Pedro Trindade Sena

Sem comentários:

Enviar um comentário